Alguns itens da Torah encontraram sua plenitude em Cristo, mas os mandamentos morais continuam. Usando o exemplo que você usou sabemos que o apedrejamento simboliza a justiça divina que será executada no juizo final, mas o adulterio continua sendo pecado, tanto é que Cristo diz para a adultera não pecar mais.
Outra tese:
[b]O Maior Milagre[/b]
A Bíblia contém muitos milagres. Conheça um deles
Por David Marshall
Selina não era uma recém-conversa típica do Grande Reavivamento em George Whitefield. Ela era uma condessa, esposa do Conde de Hauntingdon. Para os padrões das mulheres aristocratas do século dezoito, ela havia recebido excelente educação, a qual, após sua conversão, foi aplicada ao estudo da Bíblia. Pouco depois, tornou-se autoridade nas Escrituras.
Certa ocasião, um grupo de cristãos perguntou a Selina: “Qual é o maior milagre relatado na Bíblia?”
Ela pensou alto: Será que foi caminhar sobre a água ou alimentar cinco mil pessoas com o lanche de um menino? Não. Talvez, um dos milagres de cura, como a dos dez leprosos.
Selina, então, lembrou-se do vale de Betânia e da ordem: “Lázaro, vem para fora!”
Ali, em pé, ela pensou que sua vida havia acabado. Esse era o fim de sua história.
Mas, enquanto prosseguia em sua reflexão, Selina mais uma vez disse não, concluindo, pensativa: “O maior milagre das Escrituras é descrito nos primeiros onze versos do capítulo oito do Evangelho de João.”
Lembra-se da História?
Lembra-se da maneira como um grupo de homens religiosos empurrou uma mulher adúltera, seminua e aflita, à presença de Jesus?
O cenário eram os arredores do tem-plo, na época, ainda em construção, com pedras soltas pelo terreno, talvez um lugar adequado para um apedrejamento.
Jesus não tinha saída. Os religiosos já haviam pensado em tudo. Se Ele tivesse misericórdia da mulher, poderiam dizer que não cumpria a lei. Se concordasse com seu apedrejamento, teria problema com as autoridades romanas. Era uma situação de derrota ou derrota. Ele, porém, nem perdoou a mulher, nem desafiou o Império Romano.
Jesus não Se apressou a tomar uma decisão. Sabia que estava diante de uma emboscada. Ele não estava prestes a cair, vítima da hipocrisia de Seus acusadores. No começo de João 8, eles queriam apedrejar uma adúltera. No final do capítulo, queriam apedrejar Jesus. Então ficou bem evidente o que desejavam, desde o início.
Jesus, então, escreveu na areia usando uma prática não desconhecida pelos professores séculos antes do quadro negro. O verbo grego traduzido por “escrever” é um verbo técnico, que sugere que o que Jesus escreveu era hostil para os acusadores da mulher.
Jesus fez uma pausa para pensar e, talvez, para orar. Do outro lado da oração, está a sabedoria infinita. Ele estava nos mostrando o que fazer quando somos convidados a condenar.
Ao dar a impressão de que estivesse ignorando os acusadores da mulher, Jesus também os obrigava a reformular o caso. Ao forjarem uma situação, aqueles religiosos agiram de modo inadmissível. Se não fossem tão duros de coração, teriam considerado o arrependimento.
O caso contra a mulher poderia ter sido trazido pelo esposo dela, mas ele não foi mencionado. Qualquer que fosse a sentença sobre a mulher, teria que também passar pelo grupo da segunda parte. Estava Ele permitindo que ela escapasse... ou tinha Ele Se unido aos acusadores da mulher?
Estratégia Arriscada
O que Jesus estava escrevendo sobre aqueles acusadores?
Ele havia parado. As palavras que escreveu estavam a Seus pés. ORGULHO? ARROGÂNCIA? MALDADE? LASCÍVIA? ADULTÉRIO?
Seja o que for que Jesus tenha escrito, fez com que aqueles corações endurecidos se sentissem muito, mas muito desconfortáveis.
Após levantar-Se, Jesus falou pela primeira vez: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8:7).
Essa foi uma estratégia arriscada, não apenas por causa das pedras soltas no pátio do Templo, mas por aqueles homens cheios de justiça própria. Alguém poderia ter jogado a pedra que tinha na mão. E se um jogasse...
Jesus correu o risco para mostrar que Ele leva a lei a sério. O dedo que esteve escrevendo no chão havia escrito na pedra.
Jesus sabia que a mulher era culpada do que era acusada. Ele levou a sério o seu pecado. Tão a sério que o carregou até o Calvário.
Pela segunda vez, Jesus escreveu no chão.
Pela segunda vez, Ele Se levantou.
“Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” (verso 10).
“Ninguém, Senhor!” (verso 11).
“Um a um, cabisbaixos e confusos, foram-se afastando silenciosos, deixando a vítima com o compassivo Salvador” (O Desejado de Todas as Nações, p. 461).
Quando Jesus falou pela última vez, foi como se houvesse permitido o início do apedrejamento. O Desejado de Todas as Nações diz que esperavam pelo início da dolorosa morte daquela mulher.
Por essa razão, ela estava totalmente despreparada para a resposta piedosa do Salvador:
“Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (verso 11).
Selina Estava Certa
Lembra-se de Selina? O maior milagre das Escrituras?
“Nem Eu tampouco te condeno. Vai...” Para dizer essas palavras, Jesus teve que ir ao Calvário e comprar o perdão para a mulher e morrer a segunda morte.
Ali, em pé, ela pensou que sua vida havia acabado. Esse era o fim de sua história. “Não ainda”, Jesus estava dizendo. “Sua história começa aqui. Começa outra vez. Agora. Novo começo.”
Naquele mundo de homens, onde o poder pertencia aos religiosos, a mulher adúltera pensou que era seu fim. Ela havia visto o tamanho das pedras que aqueles homens seguravam ameaçadoramente.
Ao dizer: “Nem Eu tampouco te condeno”, Jesus comprometeu-Se com o Calvário. Suas palavras sintetizavam o milagre da graça. “O maior de todos os milagres”, disse Selina.
David Marshall é editor veterano da Stanborough Press, em Lincolnshire, Inglaterra.
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